Ética Pública
Na atualidade ou nesta geração em que vivemos pensar e falar sobre questões éticas ou sobre ética pública é muito difícil, vemos o cenário que se desenrola dentro de nosso mundo contemporâneo sendo diferente de outros contextos. As pessoas não estão preocupadas com esta questão, na verdade presenciamos a busca de outros valores, valores que satisfaçam seus próprios desejos e desígnios, valores individualistas e egoístas. Assim vemos uma sociedade que definha e caminha para um abismo total, pois a ética que em tempos atrás era tão importante para as relações comunitárias e humanitárias hoje já não faz parte das discussões atuais. Devemos lembrar que se a ética não estiver presente em uma sociedade, geralmente essa geração tende a se corromper. Este é um dos exemplos que vemos no cenário político brasileiro, corrupção e descaso fazem parte do cardápio daqueles que detêm o poder em suas mãos, como então falar de ética se nossos líderes políticos têm péssimos comportamentos? Na verdade se a liderança é corrupta e não sofrem punições, o povo tende a pensar da mesma forma, vamos ser corruptos e antiéticos em nossas relações.
Podemos observar também o cenário religioso, ocorreram mudanças que modificaram o comportamento principalmente dos cristãos evangélicos brasileiros. Mudanças essas que causam grandes prejuízos as relações comunitárias, o ideal antes de comunidade passando também pelo viés da individualidade. Hoje a busca pela divindade não flui mais pelas questões dos valores do Reino de Deus, as pessoas buscam o divino para resolverem questões particulares, problemas mal resolvidos que talvez a sociedade ou as pessoas criaram com sua falta de compromisso ético. Vemos instituições que trilham por este caminho, deixando de lado tudo o que foi propagado e ensinado pelo mestre Jesus em relação ao amor ao próximo. Penso que neste modelo individualista de vida cristã faz com que as chances que poderíamos trilhar para ter um mundo melhor fiquem escassas, pois na verdade as pessoas desta geração querem ver seu ‘’mundo melhor’’ e não um mundo melhor para todos. De acordo com os estudos de ética pública devemos crer que não existem distinções entre ética e religião, o ser humano como criação divina é responsável perante Deus por tudo que faz ritual, moral, social e político. Parece-nos então importante ressaltar que somos sim cooperadores e responsáveis pelas nossas atitudes diante deste mundo.
Na realidade nossa geração tem preguiça de pensar, os líderes sejam eles políticos ou religiosos conseguem fazer discursos que abalam as estruturas de seus ouvintes, sendo os ouvintes presas fáceis dos manipuladores de massas. Esse capítulo também se desenrola nas igrejas evangélicas brasileiras, o misticismo, a teologia da prosperidade, os bispos e apóstolos se alastram feito epidemias em nossa nação. Prometem mundos e fundos aos seus fiéis em nome da divindade, em nome do egoísmo e individualismo, em ‘’o nome de Jesus’’. Não podemos como teólogos e cristãos nos conformar com este modelo, precisamos de acordo com os estudos de ética pública de autonomia, essa autonomia está em extinção em nossa geração. É necessário realmente de uma ética transformadora, não podemos nos conformar com uma sociedade e igreja sem compromisso, devemos buscar uma ética que esteja alicerçada em valores que sejam benéficos para todos. Superar os ensinos errados do passado que absorvemos em nossos governos e instituições, auxiliando e propagando novos conceitos e idéias, passando a gerar cidadãos e cristãos compromissados com mundo que vivemos e com Reino de Deus, cidadãos compromissados com a vida.
Em relação à Igreja aprendemos que Deus nos ama, seu amor é demonstrado através desse desígnio, somos livres para amar e cooperar com o Reino através dos valores que Deus preza. Enfim, neste ideal de convivência que Deus nos deixou, podemos pensar novos paradigmas para um mundo melhor, um mundo ético, mais comunitário, com vida em abundância como Jesus apontou. Se cruzarmos os braços e ficarmos calados com certeza as pedras clamarão.